terça-feira, 31 de maio de 2011

AOS MEUS ALUNOS E COLEGAS DE TRABALHO, OBRIGADO POR TUDO!!!!

     Não que seja novidade que os professores vivem reclamando da profissão. A educação cada dia é mais criticada, a juventude, alvo de críticas pesadas. Nós professores somos desvalorizados, ganhamos mal, estamos sujeitos a uma série de situações desgastantes (e porque não dizer, perigosas). Mas digo uma coisa e repito, jamais deixarei a área da educação. Muito menos deixarei de ser professor. O motivo é simples: os momentos que hoje vivi no Colégio Executivo. A dolorosa despedida dos meus queridos alunos e colegas de trabalho foi muito mais complicada do que imaginei. 
     De repente, quando você se depara com a tristeza, o sentimento sincero de separação daquelas crianças e adolescentes, quando você enxerga a importância que você e seu trabalho tem, quando se sente o choro, os abraços, os pedidos para não ir, você desmonta. Quando olha para trás e vê seus colegas de trabalho, que todos os dias estão ali com você, reclamando, brincando, apoiando e, acima de tudo, lutando, você para e pensa... Que tipo de trabalho te dá uma riqueza de sentimentos tão forte assim? Hoje chorei, pois um aperto no peito maior do que imaginei tomou conta de mim. 
     Obrigado a todos que conviveram comigo durante esse valioso tempo, a todos que aceitaram minhas instruções, broncas e sermões. A todos que brincaram e riram comigo, pois é por vocês que me mantenho nessa maravilhosa função que é lecionar. E podem ter certeza, a dor da separação não é maior do que as alegrias que juntos passamos. Obrigado por tudo meus pupilos. Obrigado meus grandes e honrosos colegas de trabalho, verdadeiros heróis. As conversas durante o café do recreio farão muita falta. E um dia qualquer desses nos encontraremos novamente. Afinal, do mesmo jeito que a vida possui seus desencontros, ela pode reunir aquilo que parecia separado definitivamente...

Do seu agradecido professor e companheiro de trabalho: Johnathan Camilo

terça-feira, 26 de abril de 2011

PEQUENA GRANDE EPIFANIA NOTURNA

     Eis que estou a me perguntar neste exato momento: o que escrever? Como escrever? Devo mesmo escrever? Por que motivo me questiono sobre isso? Existe mesmo uma razão, um motivo sensato, um ímpeto literário para que eu simplesmente sente aqui e sobre este teclado derrame o furor dos meus dedos, ansiosos por transmitir poucas das muitas palavras (ideias) que insistentemente percorrem minha alma?
         Por vezes olho meu blog e penso que poderia escrever mais. Ter uma frequência maior de textos, pensamentos, etc, etc e etc. Mas de verdade, realmente penso que está ótimo do jeito que está. Não escrevo aqui por profissão, fama, dinheiro ou reconhecimento. Apenas as vezes me dá vontade de escrever. Puro e simples prazer. Colocar uma rotina, algo como um texto por dia, ou mesmo por semana, dá a ideia de compromisso, obrigação. Se não consigo (e nem quero) manter uma rotina responsável nas áreas "sérias" da minha vida, que dirá aqui. As palavras estariam aqui, porém já não teriam a mesma paixão, a mesma força. Meu blog seria então meu pequeno jardim de flores mortas. E não é isso que quero. De mortos a humanidade já está cheia, obrigado.
             Leio meus textos passados e reflito: Quantos autores já passaram por aqui? Quantos eus diferentes já aqui vieram, muitas vezes cheios de perguntas, em uma busca desesperada por respostas, um santo graal tão longe e inalcançável? Ou por vezes, um eu livre, feliz, de uma leveza de espírito filosoficamente idiota, mas por isso mesmo completa.
              Sempre diferente, porém sempre o mesmo.
          Intenções, ações e reações, sentimentos e pensamentos, mutação constante, transformação contínua. Uma larva que se fecha na clausura de seu casulo, se metamorfoseia em borboleta, mas ao fim do seu ciclo não morre, apenas constrói outro casulo e se refaz. Renasce. Diferente em forma. Igual em essência. O que somos nós senão apenas isso?
           Projetos, sonhos, vontades, desejos... Que tudo isso fique para um futuro (provável) texto. Hoje apenas quero voar, sentir esse caos harmonioso que é o universo existente dentro de mim. E que foi escrito aqui não faça sentido algum. Isso é o que menos importa. O que importa é que o homem que aqui hoje escreveu não buscou uma grande razão, uma grande explicação. Talvez uma pequena dose de insensata filosofia seja a resposta que hoje ele procurou, e que felizmente encontrou.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E O PULSO AINDA PULSA (E MEU BLOG TAMBÉM!)

     Quase um ano depois encontro ânimo para escrever muitas linhas que poucas pessoas irão ler. Foram nove meses desde o último post. Poderia ter ficado rico ou ter um filho nesse meio tempo. Poderia. Não fiz nem um nem outro. Mas isso não significa que não houveram grandes mudanças nesse período. O mais cômico (ou trágico, dependendo do ponto de vista), é que em 2010 puxaram meu tapete. Literalmente. Existe uma certa fase da vida (e uma certa idade também) em que você realmente acha que encontrou a sua base. Que ali está o alicerce para construir o seu futuro. Mas acontece também de você achar que aquela sua casa de palha é feita de tijolos, e quando menos se espera vem o lobo mau do destino e sopra tudo ao chão. Beleza. E agora José?
     Uma vez uma pessoa me disse para perder o medo de perder. Perder alguém, perder seu emprego, perder isso, perder aquilo. Mas por mais que muitas vezes você realmente repita para você o quão corajoso você é, e que cada perda representa um novo começo de uma nova oportunidade, o medo da perda é mais do que arraigado no fundo de nosso ser. Consciente ou inconsciente, ele está lá. E o nosso maior medo é de perder aquilo que nos conforta (seja material ou não). É perder nosso alicerce. É catar os cacos e recomeçar.
     Já perdi a conta de quantas vezes considerei que era um recomeço. De quantas diferentes etapas já identifiquei, terminei e comecei. 2010 começou para mim como um ano de construção. Acabou se mostrando um ano de provação. Fui e venho sendo testado ao limite esse ano. Perdas e decepções, alegrias e encontros, o amor (ahhh o verdadeiro amor). De tudo aconteceu comigo em 2010. Gritei e lutei como um guerreiro, sangrei mais do que estou acostumado e gritei para o mundo (e para mim mesmo) "EI, ESTOU AQUI! SOU INVENCÍVEL!". Mas também chorei como uma criança imatura, trilhei passos que achei já estavam ultrapassados, enfrentei velhos fantasmas e demônios que acreditei estarem enterrados. Mas pelo menos tive o colo para me acalentar e acalmar nos momentos mais tristes. Achei a pessoa pra me olhar nos olhos e me mostrar que está tudo bem, que o mais importante e precioso tesouro eu tenho do meu lado: a pessoa que me cativou (é você mesma dona Bruna! ^^).
     E é assim que o ano de 2010 termina e o de 2011 começa: voltei a ser professor, estou confiante e confortável profissionalmente, impossivelmente melhor no campo sentimental. E esse ano aprendi o fundamental: se você achar que a base está construída e por isso se acomodar, logo logo ela desaba. A base da nossa vida está sempre em construção. 2011 vai ser um ano de luta. Aprimoramento. Estudo e aperfeiçoamento. O ano de começar efetivamente a realizar os meus sonhos. Os nossos sonhos. Ano de prosseguir com a eterna caminhada da vida. Só que dessa vez, com certeza não estou sozinho. Caminharei de mãos dadas com ela.... Preciso pedir mais que isso? Com certeza não....


FELIZES FESTAS!!!!!!!!


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PEQUENAS FILOSOFIAS DE BUTECO (OU QUANDO SE TEM EM UMA MÃO A CANETA, NA OUTRA MÃO O CORAÇÃO)

Penso, logo existo. Acho interessante essa frase. Mas não de todo completa. Penso, logo escrevo. E ao escrever, reitero minha existência. Pronto. Agora sim podemos começar.
            Cá estou eu nessa noite quente, levemente embriagado pela bebida, altamente embriagado por pensamentos e palavras. E antes que uma possível amnésia alcoólica me ataque e amanhã pela manhã não me lembre de muitas coisas que me passam pela cabeça hoje, me sento nessa cadeira de perna manca, diante dessa folha de papel amassado sobre a mesa de tampo gasto, com uma caneta que cuja tinta começa a falhar, e busco algo que pelo menos seja conexo para escrever (afinal, não é pra isso que estou aqui?). Realmente, minha mente está uma bagunça. Hora de começar a arrumá-la.
            O que eu vejo quando olho no espelho? Melhor, o que eu vejo quando olho o mundo à minha volta? Medo. Sim, essa é a era do medo. Muito me faz rir o fato que, aos nos vangloriarmos do atual “nível de racionalidade e conhecimento” que chegamos, ao mesmo tempo ressuscitamos fantasmas e demônios de séculos atrás. Bruxas, fantasmas... medo do escuro. Bem vindo de volta à Idade Média! 2012 está chegando, o fim do mundo (mesmo que esse não seja em 2012) está chegando! Corra para igreja mais próxima buscando cegamente a salvação da sua alma; ou então corra para o laboratório mais próximo e crie fórmulas e teorias científicas para clonar, viajar para o espaço, ou então descobrir a cura de todas as doenças, quem sabe até mesmo conseguir se manter sempre jovem, conseguir viver para sempre! Ambos os extremos se criticam, se enfrentam, se confrontam, cada um com sua verdade absoluta, ambos com o mesmo objetivo. O resumo de tudo isso? MEDO. Fuga. Pura e simples.
            Vamos parar para pensar. Há quanto tempo o “mundo” existe? E isso considerando que “tempo” é só mais uma das convenções do ser humano. Você já parou para olhar o céu a noite e, ao enxergar aqueles infinitos pontos que chamamos de estrelas, chegou a compreender a amplitude da existência? Não da existência humana, mas da existência do “tudo”? Sério, parando pra pensar, dentro desse tudo, o que sou eu? Dentro de toda cadeia cósmica, cujo alcance foge à compreensão de qualquer homem ou mulher que já tenha caminhado por sob essa atmosfera, qual é meu papel? Seria eu tão importante assim? Seria eu um ser merecedor o suficiente da “vida eterna”?
            Mas ao mesmo tempo, não sou eu um universo particular? Não mantenho dentro de mim uma infinidade de vidas, microcosmos ou existências sobre as quais não exerço o mínimo controle ou mesmo não faço a mínima idéia de sua existência? É uma cadeia de existência infinita de infinitas cadeias, uma trama tão complexa que não acho que seja possível englobar tudo em uma coisa única e se ter uma compreensão total. E se existir um nome, uma única palavra que definisse todo esse indefinível, sabe qual seria? Deus. Cada partícula que se movimenta dentro desta totalidade infinita faz parte de Deus. Cada ser que respira, pedra que rola, estrela que se apaga ou estrela que se acende. Cada evento, por maior ou menor que seja, é uma prova da existência de algo muito além do nosso alcance ou conhecimento. Deus. Também pura e simples assim.
            Ok, hora de parar de viajar no espaço e voltar os olhos para o espelho. E aí? O que eu enxergo? O que eu sou ou o que eu quero ver? Somos confusos por natureza. Covardes por natureza. Carentes por natureza. O ser humano se vale de palavras tão belas, para no fim sempre escolher o caminho mais cômodo, mais seguro.
            Cada pessoa tem sua gama de experiências durante a vida. E o peso de cada uma dessas experiências é muito particular. O que é uma coisa boba para mim pode ser um fardo dolorido para você. Só que daí vem a pergunta: de que serviram essas experiências para você? Ora, depois de 25 anos vividos acredito que tenho minha pequena parcela de fatos marcantes. Sofri? E como. Sorri? Mil vezes mais do que sofri. E cada sofrimento, cada sorriso me fez o que sou hoje. E vai me fazendo o que serei amanhã.
            Hoje não me preocupo se o mundo vai acabar. Se estou ficando velho. Se vou morrer. Quando eu vou morrer. Lembra da parte de olhar para o céu? Tudo é um fluxo. E nada mais somos do que uma parte desse fluxo. Não temos o direito de querer quebrá-lo. Não somos bons ao ponto de estarmos aqui além do tempo que merecemos estar. Então o que fazer?
            Viver. Enfrentar seus medos. Aceitar quem você é. Aceitar que nem tudo na vida é da forma que queremos. Enxergar que mesmo na derrota, existe a vitória de ter tentado vencer. É ir pelo caminho mais difícil, cair, sentir o gosto da lama, se levantar e caminhar novamente, melhor e mais forte. É não escolher o caminho mais cômodo por medo de se machucar. É amar sem medida, dar o seu melhor. É olhar para aquela pessoa e fazer ela se sentir especial, mostrar a ela o quão rica ela é, o quão misteriosa e fascinante ela é, e que você está disposto a decifrá-la. É aceitar que essa mesma pessoa não te dê o merecido valor, mas ficar bem consigo mesmo porque pelo menos você fez valer a pena. É ter amor próprio para dizer não, para se fazer merecer, para não cair na primeira promessa de amor eterno, saber quando é verdade e quando é mentira, saber esperar para dar o seu melhor a quem merece seu melhor. É não namorar por namorar, porque se é para namorar, que se namore, que se morra de amor e que fique suspirando pelos cantos, sorrindo como um idiota sozinho apenas por lembrar daquela pessoa. É não olhar pra longe, quando muitas vezes o que se procura está bem do seu lado e você teima em não enxergar. É fazer valer a pena.
            Hoje não me preocupo se o mundo vai acabar. Se estou ficando velho. Se vou morrer. Quando eu vou morrer. Sabe qual minha única preocupação hoje? É estar bem, tranqüilo e realizado comigo mesmo. É, quando o momento da minha morte chegar, quando minha parte nesse fluxo se encerrar e nos momentos finais refletir sobre a vida, me perguntar: valeu a pena?
Não realizei um décimo das coisas que eu quero realizar. Não amei um décimo do que tenho para amar. Não fui amado um centésimo do que mereço. Não conheci um milésimo das pessoas que quero conhecer, dos lugares que quero ir. E se eu morresse hoje? E se hoje eu tivesse de me perguntar: valeu a pena?
A resposta? Apenas pelo que eu fiz, vi e vivi até agora. A resposta é sim. Valeu a pena. E valeu a pena pra caralho.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ESTADO DE ESPÍRITO EM PROSA, VERSO, POESIA OU CANÇÃO...

Águas de Março

Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A VANTAGEM DE SER EU MESMO!

BEM AMIGOS DA REDE GLOBO!

     Depois de um tempo fora do ar, eis que me olho no espelho e me enxergo de novo. Eu até me perguntei: "Ei palhaço, onde você estava que não te encontro há algum tempo?". E eis que me respondo: "Estava apenas reciclando meu repertório de piadas infames, teorias sem pé nem cabeça e filosofias caóticas... Sentiu saudades?"
     Sim, estava morrendo de saudades de você, seu velho idiota. Por que se preocupar? As pessoas mais próximas de mim se preocupam mais comigo do que eu mesmo! Estou cansado de gritar: EU NÃO PARTICIPO DESSA COVARDIA QUE SE TORNOU PARTE DA NATUREZA SÓCIO-CULTURAL HUMANA CARAMBA! Aliás, sabe a piada do não nem eu?
     Não existe tempo perdido. Não existe experiência inválida. Até quando me senti triste fui feliz. Perda de tempo é perder tempo pensando que foi perda de tempo.
     Be yourself. Viva la vida. A caravana passa e você dá um tchauzinho, esperando sua vez de ir.
     AHHHHHHHH. Encha os pulmões de ar. Coloque seus óculos escuros, bote pra tocar aquela música do Led Zeppelin que você curte, olhe pro horizonte e dê o primeiro passo com um sorriso que só será limitado pelo quanto sua boca consegue esticar. O mundo lhe pertence.
     O que você fará com ele?
     Eu sei o que farei como meu...
     Ainda bem que sou eu mesmo!
     

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O PROBLEMA DE SER EU MESMO

Estou cansado...

   Na verdade estou cansado de dizer que estou cansado. Na verdade, mais do que cansado, estou com a cabeça cheia. Talvez eu tenha realmente que me conformar que minha vida tranquila acabou aos 13 anos, quando tive minha primeira pequena paixão pela menina mais bonita da rua (e consequentemente meu primeiro fora). A partir daí, tudo se complicou, ou melhor, todos os espaços vazios foram sendo preenchidos.
   Não há folga. Na verdade, há uma fila do lado de fora do show, onde todos esperam uma vaguinha para entrar e participar dessa singela tragicomédia. Acabaram-se as cadeiras vagas. Todas as ocupadas já estão reservadas para os próximos anos. Agora o show tem que continuar.
   Ainda tinha uma vaga esperança de que esse ano seria mais tranquilo. Primeiro dia útil do mês, uma bomba no meu colo, um abacaxi para descascar e mais alguns fios de cabelos brancos para a coleção. As coisas se resolvem, voltamos à rotina do trabalho apenas esperando a próxima explosão.
   Será que sobrevivo?
   2010 não será um ano nada simples. Não haverá espaços para blefes. O negócio é confiar nas cartas que você tem nas mãos na hora que decidir colocar todas as suas fichas na mesa. Pé no chão. Um passo de cada vez. As coisas não irão ficar mais simples, mas já está na hora de deixar as velhas preocupações de lado e trocá-las por novas. Afinal, a fila do lado de fora está impaciente. Hora de seguir adiante.
   Seria bem mais fácil dizer "ok, ok, eu desisto. Estou cansado demais, machucado demais, cicatrizado demais. Vou apenas fechar os olhos e dormir junto com a minha mediocridade." Isso sim seria uma forma de simplificar as coisas. Mas, merda,  eu não consigo. Por que diabos sempre opto pelo caminho mais complicado, mais difícil? Por que por mais que eu seja bombardeado e esteja no chão eu sempre levanto e grito: MAIS UMA RODADA! Por que simplesmente não levantar a bandeira branca?
   Não sei. Talvez seja um processo do senhor subconsciente me enchendo o saco. Mas sou desse jeito. Seja um processo racional ou instintivo, isso não importa. Só sei que é preciso bem mais para me derrubar.
   Conforto? Talvez o mundo realemente acabe em 2012.
   Até lá, cá estarei eu, provavelmente lutando com alguém, alguma coisa ou comigo mesmo.
   Que saco ser eu mesmo...