quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ESTADO DE ESPÍRITO EM PROSA, VERSO, POESIA OU CANÇÃO...

Águas de Março

Tom Jobim

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A VANTAGEM DE SER EU MESMO!

BEM AMIGOS DA REDE GLOBO!

     Depois de um tempo fora do ar, eis que me olho no espelho e me enxergo de novo. Eu até me perguntei: "Ei palhaço, onde você estava que não te encontro há algum tempo?". E eis que me respondo: "Estava apenas reciclando meu repertório de piadas infames, teorias sem pé nem cabeça e filosofias caóticas... Sentiu saudades?"
     Sim, estava morrendo de saudades de você, seu velho idiota. Por que se preocupar? As pessoas mais próximas de mim se preocupam mais comigo do que eu mesmo! Estou cansado de gritar: EU NÃO PARTICIPO DESSA COVARDIA QUE SE TORNOU PARTE DA NATUREZA SÓCIO-CULTURAL HUMANA CARAMBA! Aliás, sabe a piada do não nem eu?
     Não existe tempo perdido. Não existe experiência inválida. Até quando me senti triste fui feliz. Perda de tempo é perder tempo pensando que foi perda de tempo.
     Be yourself. Viva la vida. A caravana passa e você dá um tchauzinho, esperando sua vez de ir.
     AHHHHHHHH. Encha os pulmões de ar. Coloque seus óculos escuros, bote pra tocar aquela música do Led Zeppelin que você curte, olhe pro horizonte e dê o primeiro passo com um sorriso que só será limitado pelo quanto sua boca consegue esticar. O mundo lhe pertence.
     O que você fará com ele?
     Eu sei o que farei como meu...
     Ainda bem que sou eu mesmo!
     

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O PROBLEMA DE SER EU MESMO

Estou cansado...

   Na verdade estou cansado de dizer que estou cansado. Na verdade, mais do que cansado, estou com a cabeça cheia. Talvez eu tenha realmente que me conformar que minha vida tranquila acabou aos 13 anos, quando tive minha primeira pequena paixão pela menina mais bonita da rua (e consequentemente meu primeiro fora). A partir daí, tudo se complicou, ou melhor, todos os espaços vazios foram sendo preenchidos.
   Não há folga. Na verdade, há uma fila do lado de fora do show, onde todos esperam uma vaguinha para entrar e participar dessa singela tragicomédia. Acabaram-se as cadeiras vagas. Todas as ocupadas já estão reservadas para os próximos anos. Agora o show tem que continuar.
   Ainda tinha uma vaga esperança de que esse ano seria mais tranquilo. Primeiro dia útil do mês, uma bomba no meu colo, um abacaxi para descascar e mais alguns fios de cabelos brancos para a coleção. As coisas se resolvem, voltamos à rotina do trabalho apenas esperando a próxima explosão.
   Será que sobrevivo?
   2010 não será um ano nada simples. Não haverá espaços para blefes. O negócio é confiar nas cartas que você tem nas mãos na hora que decidir colocar todas as suas fichas na mesa. Pé no chão. Um passo de cada vez. As coisas não irão ficar mais simples, mas já está na hora de deixar as velhas preocupações de lado e trocá-las por novas. Afinal, a fila do lado de fora está impaciente. Hora de seguir adiante.
   Seria bem mais fácil dizer "ok, ok, eu desisto. Estou cansado demais, machucado demais, cicatrizado demais. Vou apenas fechar os olhos e dormir junto com a minha mediocridade." Isso sim seria uma forma de simplificar as coisas. Mas, merda,  eu não consigo. Por que diabos sempre opto pelo caminho mais complicado, mais difícil? Por que por mais que eu seja bombardeado e esteja no chão eu sempre levanto e grito: MAIS UMA RODADA! Por que simplesmente não levantar a bandeira branca?
   Não sei. Talvez seja um processo do senhor subconsciente me enchendo o saco. Mas sou desse jeito. Seja um processo racional ou instintivo, isso não importa. Só sei que é preciso bem mais para me derrubar.
   Conforto? Talvez o mundo realemente acabe em 2012.
   Até lá, cá estarei eu, provavelmente lutando com alguém, alguma coisa ou comigo mesmo.
   Que saco ser eu mesmo...