terça-feira, 26 de abril de 2011

PEQUENA GRANDE EPIFANIA NOTURNA

     Eis que estou a me perguntar neste exato momento: o que escrever? Como escrever? Devo mesmo escrever? Por que motivo me questiono sobre isso? Existe mesmo uma razão, um motivo sensato, um ímpeto literário para que eu simplesmente sente aqui e sobre este teclado derrame o furor dos meus dedos, ansiosos por transmitir poucas das muitas palavras (ideias) que insistentemente percorrem minha alma?
         Por vezes olho meu blog e penso que poderia escrever mais. Ter uma frequência maior de textos, pensamentos, etc, etc e etc. Mas de verdade, realmente penso que está ótimo do jeito que está. Não escrevo aqui por profissão, fama, dinheiro ou reconhecimento. Apenas as vezes me dá vontade de escrever. Puro e simples prazer. Colocar uma rotina, algo como um texto por dia, ou mesmo por semana, dá a ideia de compromisso, obrigação. Se não consigo (e nem quero) manter uma rotina responsável nas áreas "sérias" da minha vida, que dirá aqui. As palavras estariam aqui, porém já não teriam a mesma paixão, a mesma força. Meu blog seria então meu pequeno jardim de flores mortas. E não é isso que quero. De mortos a humanidade já está cheia, obrigado.
             Leio meus textos passados e reflito: Quantos autores já passaram por aqui? Quantos eus diferentes já aqui vieram, muitas vezes cheios de perguntas, em uma busca desesperada por respostas, um santo graal tão longe e inalcançável? Ou por vezes, um eu livre, feliz, de uma leveza de espírito filosoficamente idiota, mas por isso mesmo completa.
              Sempre diferente, porém sempre o mesmo.
          Intenções, ações e reações, sentimentos e pensamentos, mutação constante, transformação contínua. Uma larva que se fecha na clausura de seu casulo, se metamorfoseia em borboleta, mas ao fim do seu ciclo não morre, apenas constrói outro casulo e se refaz. Renasce. Diferente em forma. Igual em essência. O que somos nós senão apenas isso?
           Projetos, sonhos, vontades, desejos... Que tudo isso fique para um futuro (provável) texto. Hoje apenas quero voar, sentir esse caos harmonioso que é o universo existente dentro de mim. E que foi escrito aqui não faça sentido algum. Isso é o que menos importa. O que importa é que o homem que aqui hoje escreveu não buscou uma grande razão, uma grande explicação. Talvez uma pequena dose de insensata filosofia seja a resposta que hoje ele procurou, e que felizmente encontrou.